sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Olimpíadas de Língua Portuguesa




Encerrou-se no último dia 16 de agosto a primeira etapa das olimpíadas de língua portuguesa de 2010. Essas olimpíadas, promovidas pelo MEC, acontecem bienalmente, e propiciam ao aluno experiências enriquecedoras na produção de textos, aproximando-os da diversidade de gêneros. O 1º Ano, orientado pela professora Keyla, participou com a produção de crônicas. Uma fala de Davi Arrigucci Jr. consegue extrair com propriedade a essência do gênero: “Às vezes a prosa da crônica se torna lírica, como se estivesse tomada pela subjetividade de um poeta do instantâneo que, mesmo sem abandonar o ar de conversa fiada, fosse capaz de tirar o difícil do simples, fazendo palavras banais alçarem voo.” Reproduzimos abaixo a crônica escolhida para representar a escola na seletiva regional, de autoria de Rodolfo Guilherme C. Queiroz, aluno do primeiro ano B matutino.



Para além da minha janela



Vou à minha janela em busca de uma inspiração para escrever uma crônica, sem ideia alguma de como iniciar, então passo a observar o que se passa em minha rua.

Vejo crianças pequenas, distraídas, somente brincando. Ao perceberem minha presença na janela, elas começam a chamar minha atenção. Escuto-as comentando umas com as outras, certamente sobre minha presença. Como se eu não soubesse o que se passa naquelas cabecinhas! Pobres coitadas! Mas continuo observando-as com a minha busca infinita de escrever algo que não sei nem por onde começar.

Repentinamente, vejo que a minha presença na janela faz com que mude a intenção da brincadeira daquelas crianças, o que era uma brincadeira apenas para diversão se tornou algo mais: chamar minha atenção. Antes elas estavam um pouco distantes, do outro lado da rua. Todavia, pouco a pouco, elas se aproximam da minha janela. Meio sem jeito e temerosa, uma garotinha senta perto de onde estou e fixa seu olhar sobre mim. Logo pensei: aí vem perguntas, meu Deus!

A menina tímida e sem graça engoliu bem a saliva e finalmente me perguntou, com uma voz baixa e suave, qual era o meu nome, então eu respondi. Para minha surpresa ela sorriu. Seu rosto sereno e calmo se encheu de uma satisfação, um lindo sorriso de uma criança. Por que sorriu assim? Então percebi que o motivo da alegria dela era simplesmente porque ganhou um amigo, que, na sua concepção, era como se tivesse ganhado um lindo presente.

Algo a esperava. Seus pais a chamaram e pediram que ela entrasse na casa. No entanto, o brilho, a satisfação daquela criança não foi embora. Seu último gesto foi um simples tchau com um belo sorriso.

Portanto, foi nesse encontro e desencontro de idéias que subestimei a minha capacidade de escrever, mas foi para além da minha janela, observando o silêncio e o movimento da rua que consegui a temática da minha crônica: um olhar, apenas um olhar tímido, terno, mas audacioso, corajoso ao ponto de olhar para o infinito e ver que quando se deseja algo, basta ir para além da janela.


Rodolfo Guilherme C. Queiroz